terça-feira, 13 de dezembro de 2016

LUCY

 Capítulo: I

 ‘’Meu bem é de matar’’

 Desta vez, Lucy não acordou com o mesmo sorriso de antes, já que sua mãe a havia trocado de escola. Estava se arrumando tristemente, quando sua mãe a chamou:
 - Lucy, arrume-se depressa, você vai perder o ônibus!
 - Já vou mãe!
 Pegou sua mochila e desceu, como estava atrasada, só se despediu da mãe e foi para o ponto de ônibus. Em um dos trechos, estava mexendo no celular, e de repente, esbarrou em alguém e disse: 
- Ei, tome mais cuidado seu filho da... 
 Quando viu em quem tinha esbarrado, ficou muda, e o garoto lhe respondeu:
 - Desculpe eu não te vi, qual seu nome?
 - O meu, bem... é Lucy, posso saber o seu?
 - Kojiro, você estava indo para escola do Norte?
 - Sim, esse é meu primeiro dia.
 - Então, vamos juntos para o ponto.
 - Tudo bem então. 
 Lucy sorria, disfarçadamente, para que seu belo acompanhante não percebesse sua alegria.
 Ao chegar no ponto, Kojiro disse:
 - Quer que eu te apresente a escola, quando chegarmos lá?
 - Sim, obrigada!
 - Então... quer se sentar comigo, quando o ônibus chegar?
-Tudo bem.
 Para Lucy, tudo estava dando certo, e sua alegria só aumentava. Quando o ônibus chegou, Kojiro e Lucy foram os últimos a entrar e se sentaram juntos.
 Pouco tempo depois, Kojiro começou a conversar com Lucy:
 - Onde você estudava antes de vir para cá?
 - Na escola do Sul. 
- Pela sua cara, você não gostou de vir para o Norte, não é? 
- Sim, é difícil arranjar amigas.
 - Entendo, mas você vai conseguir. 
 Depois de dizer isto, o ônibus parou na frente da escola, todos desceram e foram em direção ao pátio. No caminho, três meninas esbarraram em Lucy, que caiu no chão e foi ajudada por Kojiro, que disse:
 - Não liga para elas Lucy, são só três patricinhas.
 - Estou bem, obrigada.
 - Sim, eu vou ver a lista de alunos, pode me esperar na escadaria, Lucy?
 - Sim.
 No caminho para a escadaria, Lucy percebeu que todos a olhavam e, em seguida, comentavam sobre ela, mas ela não se importou tanto. Antes que Lucy pudesse chegar às escadas, Kojiro a alcançou e disse que ela estava na mesma sala que ele. 

O sinal tocou, e todos os alunos foram para suas salas. Lucy queria ficar mais tempo com Kojiro e, ao chegar na sala, ela se sentou do seu lado. Os outros alunos foram chegando, até mesmo as três garotas que esbarraram em Lucy.

 Quando uma mulher entrou na sala, deu-se início a aula. Em certo momento, ela pediu para que Lucy se apresentasse para a turma. Ela disse poucas palavras:
 - Bem... eu me chamo Lucy, vim da Yomiai do Sul, por alguns motivos me mudei para o norte. Espero me dar bem com todos vocês, obrigada.
 Ao voltar para seu lugar, uma garota loira pôs o pé, para que ela caísse, ela iria direto para o chão, se não fosse Kojiro, que a segurou a tempo, trocando olhares profundos.
 Ela foi para seu lugar, com a garota loira rindo de sua cara. Na chamada, ela foi descobrindo os nomes de todos, até mesmo das três meninas. Ambre era a loira, Charlotte era a morena e Li a asiática. Depois de tudo isso, a aula, finalmente, acabou, e um outro professor entrou na sala. 
Durante a cópia, a caneta de Lucy escapou de sua mão, parando perto de Kojiro, que a pegou e entregou para Lucy, e novamente, trocando olhares profundos. Algumas horas depois, o sinal bateu, finalizando as aulas e dando início ao intervalo.
 Lucy guardou seu material e se levantou, indo em direção à porta, mas ao chegar perto dela, ela sentiu que alguém a segurava, era Kojiro, que disse: 
- Vai ficar sozinha no intervalo?
 - Acho que sim.
 - Então... eu posso ficar com você?
 - Claro que pode!
 Eles foram para o pátio conversando, e Lucy percebeu que, logo atrás, vinham Ambre, Charlotte e Li, que continuavam rindo dela. Lucy e Kojiro continuaram a conversar:
 - Lucy quer que eu te ajude a fazer novas amigas?
 - Tudo bem, e você não ia me mostrar a escola? 
- Eu ia me esquecendo disso, então vamos?
 - Está bem.
 Mas, quando Lucy se virou, deu de cara com Ambre que estava com um copo de suco, que manchou toda sua roupa.
 Lucy a encarou e foi procurar um banheiro, e Kojiro disse:
 - Ambre, você tem algum problema na cabeça!? Por que você faz isso com qualquer menina que faço amizade? 
- Ai garoto, me erra, faço isso, porque é divertido brincar com as novatas, vamos meninas.
 Depois disso, Ambre e suas amigas foram embora, e Kojiro foi procurar Lucy que estava com muita raiva se limpando no banheiro, quando escutou a voz de Kojiro:
 - Lucy, está tudo bem?
 Lucy saiu e respondeu:
 - Uma mancha na minha roupa, no meu primeiro dia de aula, e você ainda pergunta se eu estou bem?
 - Desculpe, vem comigo eu vou te levar em um lugar em que pode trocar a camiseta.
 - Está bem. 
 Kojiro levou Lucy para o vestiário, do lado de fora da escola, eles entraram e foram para a ala feminina, onde havia várias camisetas dobradas em armários, então Kojiro disse:
 - Aqui é o vestiário, você pode trocar sua camiseta por uma dessas, e também, têm chuveiros ali, você pode tomar banho se quiser.
 - Só vou precisar de uma camiseta, pode sair, por favor?
 - Ah, sim, claro... estou te esperando, lá fora.
 Enquanto Lucy se trocava, a raiva tomou todo seu corpo, parecendo uma outra pessoa, mas se controlou, trocou a camiseta e foi para perto de Kojiro:
 - Pronto kou, agora pode me mostrar a escola?
 - Kou?
 Gostei do apelido, vamos logo, antes que bata o sinal. Kojiro mostrou para Lucy o clube de jardinagem do lado de fora, do lado de dentro, ele mostrou a sala dos professores, a diretoria, o refeitório, e por fim, algumas salas extras, depois disso, eles pararam perto de Ambre e suas amigas que os observavam, então Lucy disse:
 - Kou vamos para frente da nossa sala, não aguento mais olhar para cara dessa loira aguada.
 - Tudo bem, então, vamos.
 Lucy olhou uma última vez para o rosto de Ambre, que parecia não estar feliz de ver os dois juntos. 
Ao chegar na sala, Lucy percebeu que Kojiro parou para conversar com um garoto, então Kojiro apresentou seu amigo para Lucy:
 - Lucy esse é o Thoma, e Thoma essa é minha amiga Lucy.
 - Prazer em conhecê-la Lucy. Disse Thoma, com uma voz suave e sedutora para Lucy.
 - Prazer Thoma, gente que tal nós nos sentarmos aqui?
 Disse Lucy para os garotos, que concordaram e se sentaram. Ao se sentar, Lucy percebeu que uma das escadas, que levava ao andar de cima, estava interditada por uma placa, então, Lucy perguntou:
 - Garotos, por que aquela escada está interditada? 
 Os dois rapazes se olharam, então Kojiro respondeu: 
- Porque um garoto se suicidou, jogando-se da varanda da escola, dizem que ele fez isso, porque estava com muitos problemas na vida.
 Lucy abaixou a cabeça e deu um sorriso sombrio, parecendo gostar do que acabou de ouvir. O som do sinal avisou o fim do intervalo, Thoma se levantou e se despediu de Kojiro com um aperto de mão, e de Lucy com um beijo sobre sua mão, deixando-a envergonhada, e Kojiro com um olhar diferente.
 Quando Kojiro e Lucy viram seus colegas de classe acompanhados por uma mulher alta e bonita, deu-se início a aula. Já estavam na última aula que era de Arte. A professora disse, que só sairiam aqueles que terminassem a atividade.
 As sombras que passavam por baixo da porta, representavam o desespero de Kojiro e Lucy, que não terminavam a atividade. Quando Lucy e Kojiro, saíram correndo para não perder o ônibus, mas em vão, pois, o ônibus acabara de sair.
 Lucy, então sentou-se na calçada e abaixou a cabeça, Kojiro olhando a rua, se abaixou e pôs a mão na cabeça de Lucy, falando:
 - Calma Lucy, a gente só perdeu o ônibus, quer que eu te leve até em casa?
 - Minha casa é longe daqui, tem certeza?
 Kojiro se levantou e disse estendendo a mão para Lucy: 
- Vem logo, não vai demorar mais do que 15 minutos. 
 Lucy se levantou e juntos foram para casa. Depois de 15 minutos, eles pararam no local onde se esbarraram no começo do dia, e Kojiro falou:
 - Bem... te deixo aqui, tchau Lucy, te espero amanhã no ponto.
 - Obrigada, até amanhã Kou!
 Kojiro se foi e, logo, Lucy o perdeu na escuridão da rua. Lucy desceu sua rua e foi para casa.
 Em casa, Lucy jantou, tomou banho e foi dormir, pensando em seu dia, sorridente. O sol batia no rosto de Lucy, acordando-a. Lucy fez tudo o que queria fazer e foi para o ponto.
 Ainda muito cedo, as ruas estavam cobertas por uma intensa névoa, que dificultava a visão de Lucy. Esperando Kojiro, Lucy temia que ele não aparecesse, mas uma sombra apareceu na neblina, e era ele, então, ele se aproximou de Lucy, e os dois começaram a conversar, até que o ônibus chegasse.
 Na escola, Lucy foi para o banheiro, e Kojiro disse que a esperaria nas escadas. Quando Lucy voltou às escadas, não acreditou na cena que estava vendo, ela viu que uma garota de sua sala estava empurrando Kojiro contra a parede, parecendo que iria beijá-lo. Lucy, então, saiu correndo sem ver que Kojiro empurrou a garota e se sentou nos degraus da escada.
 Lucy voltou ao banheiro, irritada, e constatou que estava só, mas no espelho, surgiu a imagem de uma outra pessoa, ela estava em dúvida se sentia ódio ou ciúmes, então, abaixou a cabeça na pia, e a verdadeira pessoa que estava no local, saiu despercebida por Lucy.
 A raiva diminuiu, e Lucy tomou coragem de voltar para o local da cena. Kojiro viu Lucy vindo com a cabeça baixa, chegou perto dela e disse:
 - Aconteceu algo, Lucy? Você está passando mal? 
 - Não, não é nada Kou...
 Disse Lucy com uma voz baixa e trêmula, e também, com um certo ardor.
 - Tem certeza? Pois não parece.
 - Tenho sim, não se preocupe.
 Kojiro a olhou e pegou em sua mão e foram para a frente da sala. Mas chegando lá, Lucy avistou a mesma garota de antes, que se aproximou e disse:
 - Koji, não me apresenta sua amiga?
 - Certo, Lucy essa é a Yuka, e Yuka essa é a Lucy. 
- Olá Yuka, muito prazer! Disse Lucy com um grande ardor.
 - Não precisa gritar Lucy, não sou surda.
 - Bem Kou, vamos descer, acho que o professor não vai vir.
 - Tudo bem, até mais Yu...
 Lucy o puxou para que não terminasse de falar com Yuka.
 Ao descer, Lucy avistou Thoma, que os viu de mãos dadas e disse:
 - Então, por que os dois estão de mãos dadas?
 Rapidamente, Kojiro soltou a mão de Lucy, e, então, os três continuaram conversando. Lucy ouviu passos vindos da escada, ela se virou para ver quem era, e viu Yuka e uma garota de outra classe, indo em direção do banheiro. 
Então, Lucy se afastou aos poucos dos garotos, e os deixou conversando, enquanto seguiu as meninas até o banheiro, onde ouviu algo de seu agrado, vindo dos lábios de Yuka:
 - Yuno, posso te contar um segredo meu?
 - Claro que pode, você é minha amiga, o que foi?
 -Você ficou sabendo que minha mãe morreu uns anos atrás, não é? Desde que minha mãe morreu, aconteceram várias desgraças em casa, meu pai perdeu o emprego e começou a beber e depois de beber, ele vai sempre no meu quarto e ... bem é vergonhoso dizer isto.
 - Ele faz isso mesmo!?
 - Sim...
 Lucy atrás de uma divisória, deu um enorme sorriso sombrio, e já tinha em mente o que fazer. Ela correu para os armários dos alunos, e tirou da bolsa um pedaço de papel e uma caneta e escreveu que queria encontrar Yuka, no último andar da escola, e que queria falar sobre abuso doméstico.
 Terminando o recado, ela colocou o papel no armário de Yuka, e correu, novamente, para o banheiro na esperança de encontrar Yuka. No banheiro, ela e sua amiga, ainda estavam conversando, quando Lucy chegou perto de Yuka e disse:
 - Yuka, acho que alguém estava mexendo no seu armário.
 -Como!? Yuka deixou a amiga com Lucy e saiu correndo para ver seu armário.
 Lucy saiu também, mas olhou para Yuno e deu um enorme sorriso. Yuka abriu seu armário e viu que tinha um pedaço de papel e leu a mensagem pensando:
 - Bem, eu acho que vale a pena ir.
 Yuka correu em direção ao último andar da escola, sem perceber que Lucy estava atrás dela, e Lucy não percebeu que Kojiro e Thoma a viram, indo atrás de Yuka.
 Nas escadas, a placa ainda estava lá, como estava com pressa, Yuka a pegou e jogou para longe, subiu sem perceber Lucy, que continuava a segui-la.
 No lugar marcado, Yuka se escorou nas grades e não viu que Lucy havia parado um pouco atrás dela, Lucy com os cabelos escurecidos e com olhos vermelhos, a pele pálida e cabelos que cobriam o rosto, se abaixou atrás de Yuka, pegou seus tornozelos e a colocou de ponta cabeça, para fora das grades de proteção, prestes a cair, e então, Yuka gritou:
 - Lucy! Por favor, não me solte! O que eu te fiz pelo amor de Deus?!!
 Dos tornozelos, Lucy passou a segurá-la pelos pés, depois de dar um sorriso, ela respondeu:
 - Na vida, temos que eliminar algumas pessoas, para conseguir chegar mais rápido nos nossos objetivos, e você é uma dessas pessoas! 
- Para de dizer besteiras sua idiota! Aja como uma pessoa normal e me ponha de volta no chão, POR FAVOR! 
 Antes de Lucy soltá-la, complementou:
 - Nós nos vemos, no inferno... sua vadia!
 Yuka caiu de cabeça na entrada da escola, fazendo um enorme barulho, que chamou a atenção de alguns professores, que viram horrorizados o corpo, e chamaram a polícia.
 Os gritos de horror dos alunos, que viram o corpo com o pescoço deformado, alertaram Lucy que se afastou do local, sem que ninguém a visse. 
Ao chegar perto das salas de aula, ela se encostou na parede, e sua pele, seus cabelos e seus olhos voltaram às cores originais, e, então, ela começou a falar sozinha:
 - O que foi que eu fiz!? Eu vou ser presa com certeza e ...
 A pessoa que tinha se revelado no espelho dos banheiros, apareceu no corrimão prateado, encarando Lucy, e terminou sua fala incompleta: 
- Para de ser burra, garota! O que você fez foi perfeito, nunca vi algo tão bom, assim! Nós duas devemos fazer mais coisas do tipo. E então, você aceita?
 - Claro...
 Descendo as escadas, ela viu Kojiro e Thoma no meio do tumulto que estava na frente da escola. Lucy, então foi para o banheiro despercebida.
 No tumulto, Kojiro deixou Thoma, para ir atrás de Lucy e a viu saindo do banheiro, ele correu até ela e disse:
 - Lucy! Onde você estava antes de vir para cá? Eu a vi indo atrás de Yuka, para as salas de aula, o que foi fazer lá!?
 Lucy tirou a caneta do bolso e disse:
 - Eu só fui buscar minha caneta que caiu perto da nossa sala, por que está gritando comigo dessa maneira? O que aconteceu?
 - Bem, aparentemente, Yuka se jogou da varanda da escola, me desculpe por gritar com você, eu estou um pouco nervoso com tudo isso.
 - E por acaso, você está achando que eu a empurrei ou algo do tipo!? É isso? 
- Claro que não, só fiquei preocupado com você, já que também, estava junto com ela, isso que você disse, nem passou na minha cabeça. Acho melhor irmos para casa, com certeza, vão nos liberar mais cedo.
 - Tudo bem, então vamos. 
Os dois encontraram Thoma, que estava tremendo e suando frio, Kojiro o olhou, se abaixou para pegar sua mochila e sussurrou em seu ouvido: 
- ... Não diga mais besteiras sobre ela.
 Depois disso, Kojiro foi até Lucy, e os dois foram para a entrada para ir embora, eles passaram perto do corpo, com alguns alunos ao redor, chorando e sendo amparados. 
Ao passar, Kojiro fez um sinal de respeito, e Lucy se segurou para não dar uma risada. 
No caminho, Kojiro estava com uma de suas mãos, segurando a mão de Lucy, mas sem dizer uma palavra. Lucy o puxou, fazendo-o parar, e disse:
 - Por acaso, quando você sussurrou algo no ouvido de Thoma, estava falando de mim?
 - Sim, ele tem uma leve impressão que você tem algo a ver com a morte de Yuka, já que ela não tinha motivos para fazer isso.
 - Mas eu quero saber de você. Você acha que fui eu quem a matou?
 - Claro que não, sei que você não seria capaz de fazer algo do tipo. 
- Está certo, obrigada por confiar em mim, Kou. 
 Como sempre, os dois se separaram, e cada um foi para sua casa, mas antes de ir, Kojiro deu uma última olhada para Lucy. 
 Em sua casa, Lucy foi ao banheiro e se olhou no espelho, e o reflexo da segunda pessoa se refletiu sobre a imagem original de Lucy, e ela lhe perguntou:
 - Amanhã será um novo dia, vamos jogar, novamente, com novas peças, mas será bem mais divertido, não é, Lucy?
 - Sim, mas vamos jogar um novo jogo com novas regras, para deixar ele mais arriscado, para você se divertir mais.
 - Assim, que se fala garota, agora vá dormir.
 No dia seguinte, os ventos batiam nas árvores, arrancando-lhes as folhas, e esse barulho, fez com que Lucy acordasse. Vendo que estava atrasada, só se trocou e escovou os dentes, e foi correndo para o ponto. A única coisa que pôde ver, foi o ônibus partindo. 
Como havia decorado o caminho, ela resolveu ir sozinha para a escola. No caminho, Lucy avistou uma coisa bem interessante, uma casa velha e abandonada, que ficava em uma rua escura e suja, aquele lugar era conhecido por acontecerem assassinatos, estupros e sequestros, ela passou sorrindo pelo local.
 Chegou mais cedo na escola do que esperava, ao ir para sala, Ambre e suas amigas esbarraram, uma de cada vez, em Lucy e rindo de sua cara. Antes de subir as escadas, viu Kojiro sentado com a cabeça baixa, ela se abaixou, passou a mão nos seus cabelos e disse:
 - Kou, o que foi?
 Kojiro levantou a cabeça, lentamente, e quando, viu que era Lucy quem falara com ele, a abraçou fortemente e disse:
 - Lucy! Ainda bem que você veio!
 - Nossa Kou, por que tanta animação, assim?
 - Bem... é que eu pensei, que você não iria vir, e meu dia não seria a mesma coisa sem você.
 - Sério...? Bem eu, eu... também acharia ruim meu dia sem você.
 Kojiro deu um enorme sorriso. Ele levantou e com Lucy foram para a sala de aula.

 Na frente da sala, os dois se sentaram e começaram a conversar e, enquanto, conversavam, Lucy percebeu que uma garota de cabelos curtos, de coloração branca e de olhos vermelhos, subia as escadas e vendo a cena dos dois sentados e conversando, deu um sorriso e encarou Lucy, por alguns segundos, até chegar em um grupo de meninas da sala ao lado da deles.
 Enquanto a garota estava de costas, Lucy pôde ver alguns hematomas em suas pernas claras, e cortes que pareciam ser recentes. Logo depois, alguns professores apareceram, mas nenhum entrou na sala de Lucy e Kojiro. Então, os dois resolveram descer e ficar conversando no pátio, e Lucy fez algumas perguntas para Kojiro:
 - Kou, ontem, quando eu fui buscar minha caneta, o que você e Thoma estavam conversando?
 - Estávamos falando de você, acho que o Thoma gostou de você, mas, depois do que aconteceu, não sei se ele, ainda, pensa a mesma coisa de você. 
- Ele acha que eu matei ela, não é?
 - Não sei te explicar.
 Depois disso, Lucy viu novamente a garota de cabelos brancos, mas ela estava indo para o banheiro, ela, então, disse para Kojiro que voltaria logo. No banheiro, Lucy viu a garota retirar uma agulha e linha de seu bolso, ela abaixou a meia de sua perna esquerda, e com a agulha e a linha costurou um profundo corte, no fim de seus tornozelos, e ela disse:
 - Maldita, ela me deu muito trabalho. Mas, ainda bem que acabou. Lucy não pôde ver e ouvir mais coisas, pois Kojiro a chamou, e ao encontrar com ele, o garoto disse:
 - O professor de Educação Física foi para nossa sala, vamos?
 - Sim. 
 Na sala, Lucy e Kojiro foram os últimos a entrar, ao ir para seu lugar, Lucy percebeu que todos estavam olhando torto para ela, mas não ligou. O professor iniciou a aula com a chamada, e depois, disse para eles que os levariam para a quadra, mas antes, passariam no vestiário, para que eles se trocassem.
 Todos se levantaram e se dirigiram para o vestiário e, nas escadas, Lucy e a garota misteriosa trocaram sorrisos e olhares profundos e obscuros.
 No vestiário, cada um se dirigiu para a ala respectiva a seu gênero. Na ala feminina, todas abriram os armários, mas no armário de Ambre havia além de roupas, havia o corpo de uma garota do segundo ano, toda mutilada e ensanguentada, as garotas, então, gritaram de pavor, menos Lucy... 


 Capítulo: II

 ‘’ Confronto’’

 Após presenciar aquilo, Lucy ficou surpresa, pois sabia muito bem quem tinha feito aquilo. Depois das garotas saírem, a garota de cabelos brancos entrou, ficando apenas ela e Lucy, então Lucy perguntou friamente:
 - Quem... é você?
 A garota sorriu obscuramente, abaixou a cabeça, e depois de um silêncio irritante, ela respondeu:
 - Eu sou você, só que melhor! 
 Depois de responder para Lucy, ela saiu do local calmamente, deixando Lucy sozinha com o corpo no vestiário, e ela começou a pensar ‘’Isso só pode ser uma brincadeira, com certeza, é uma brincadeira’’. 
Após tudo isso, a diretora chamou a polícia, e todos foram dispensados. 
 No dia seguinte, tudo ocorreu normalmente, Lucy acordou, tomou seu café e foi para escola. Na escola, tudo estava perfeito, mas, quando Lucy foi procurar Kojiro, ela não acreditou no que viu. Kojiro estava junto com a garota misteriosa, ela, então, resolveu chamar Kojiro:
 - Kou! Eu estava te procurando, e você não me apresenta sua amiga?
 - Ah! Oi Lucy, esta é a Amaya... e Amaya essa é a Lucy. 
- Olá, é um prazer Ama...
 - O prazer é todo meu Lucy! Disse Amaya, que não deixou Lucy terminar de falar. As duas se olharam profundamente, e soltaram as mãos.
 - Bem, agora que vocês já se conhecem, vamos Amaya? Lucy, eu falo com você depois.
 - Kou, espere...
 Antes que Lucy pudesse terminar sua fala, os dois já estavam longe de sua vista. Após isso, Lucy foi para o banheiro e a raiva era tanta, que tinha tomado conta de todo seu corpo. Não tinha ideia do que podia fazer, então ela pensou “isso não pode estar acontecendo, deve ser um sonho! Como assim, o Kou me abandonou para ficar com aquela... ai! ’’.
 O sinal bateu, e todos foram para sala. Na sala de Lucy, todos estavam sentados em dupla, mas Lucy resolveu sentar sozinha, no canto da sala, tentando se acalmar, observando Kojiro, que também estava sozinho, mas estava com um enorme sorriso no rosto, e Lucy sabia muito bem o motivo de sua alegria.
 Na chamada, ao falar o nome de Lucy, a professora percebeu que ela estava sozinha no canto da sala, e disse:
 - Lucy, vá se sentar com Kojiro para fazer a atividade.
 Os dois se olharam, e depois de um silêncio perturbador, Lucy não se levantou, então, Kojiro tomou a frente e foi se sentar com ela. Durante a aula, Lucy estava com a cabeça sobre a mesa, virada para o lado contrário de Kojiro.
 De repente, a professora se levantou e disse que levaria os alunos para beber água, todos saíram, menos Kojiro e Lucy. Na sala, o silêncio controlava o local, e não aguentando mais isso, Kojiro deitou sua cabeça na mesa, olhando os longos cabelos rosados de Lucy, e disse:
 - Por que... isso Lucy?
 Lucy não lhe respondeu, então Kojiro começou a passar a mão sobre a cabeça de Lucy, e ele falou:
 - Se eu estou te machucando, me perdoe, por favor... isso é para seu bem. 
 Lucy tentando ser forte para não chorar, não aguentou. Ela levantou a cabeça e pôs as mãos sobre o rosto, para que Kojiro não visse suas lágrimas. Kojiro vendo a cena, pegou a cabeça de Lucy e pôs sobre seu peito e, deu um beijo sobre sua cabeça e falou:
 - ... desculpa...
 Lucy, ainda sem dizer nada, olhou para o rosto de Kojiro, e viu que uma lágrima escorreu de seu rosto.
 Depois disso, os alunos e a professora retornaram e viram os dois juntos, mas não falaram nada, a não ser Ambre, que se sentou bruscamente em seu lugar. A aula terminou bem, logo depois da professora sair, uma inspetora entrou, dizendo que eles tinham que descer, pois não havia professora para aquela sala.
 Lucy se levantou pensativa, pois não entendeu o que Kojiro quis dizer com aquelas palavras. Ao chegar no pátio, Lucy se sentou em um dos degraus da escada com a cabeça baixa, mas de repente, ela sentiu que alguém estava descendo, e essa pessoa era Amaya e toda sua sala, pois eles também estavam sem professor, e ao ver Kojiro, Amaya pulou em seus braços e lhe puxou, para o local onde Lucy e Kojiro ficavam conversando.
 Lucy os encarou, jogou a mochila na escada e correu para o banheiro e, ao ver isso, Amaya deu um enorme sorriso maligno. 
 No banheiro, havia uma menina e Lucy deu um soco no espelho, que se quebrou em vários pedaços, a menina se assustou e saiu correndo, deixando Lucy sozinha com a segunda pessoa. Ela com a mão toda cortada, se sentou perto da pia, onde havia um pedaço grande do espelho quebrado, quando o olhou, viu a imagem da segunda pessoa, que falou:
 - Você parece uma barata tonta, sem saber o que fazer em situações como essa.
 - Cala a boca! Não tenho tempo e nem paciência para ouvir você, agora! Disse Lucy com um pouco de dor.
 - Em uma hora como esta, que tenho que falar com você e te guiar para uma solução mais rápida. 
- Já falei para você calar a boca! Me esqueça! De repente, Lucy deu um tapa em si mesma e ficou muda, a segunda pessoa continuou a falar:
 - Cale-se e me escute, lembra do jogo que fizemos com a Yuka, poderíamos jogar com essa garota, também, o que acha?
 - Não será tão fácil assim, ela é bastante inteligente, fazendo com que nossas jogadas não sejam tão efetivas, assim.
 - Hum... assim, fica chato, mas ficaria legal se dermos um golpe baixo nela, esse é o nosso jogo e nós fazemos as regras. O que acha da minha ideia?
 - Simplesmente, excelente, hoje mesmo... vamos começar a jogar.
 - Essa sim, é sua verdadeira face.
 Lucy, então, se levantou, limpou sua mão ensanguentada, e voltou para as escadas. No caminho, ela pensou em uma maneira de eliminar sua rival de uma maneira limpa e rápida, e de repente, ela parou e olhou para uma sala, que era o laboratório de ciências, ela olhou para todos os lados, para ver se não havia ninguém e entrou na sala.
 No laboratório, havia armários com vários frascos. Lucy se aproximou dos armários e descobriu que não eram simples frascos, mas sim, frascos de veneno, e Lucy soube o que fazer. Ela começou a ver os tipos de venenos, e pegou um pequeno frasco de cianeto e saiu do local. 
 O sinal bateu, dando início ao intervalo, Lucy estava encostada e uma parede, perto da sala de ciências, esperando que Amaya e Kojiro passassem por ali. Quando isso aconteceu, Lucy os seguiu com o frasco de veneno no bolso. 
 Amaya e Kojiro se sentaram em um banco fora da escola, e Lucy estava escondida. Em um momento, os dois saíram, e Amaya, que estava com um bento, o deixou sobre o banco e, nas sombras, Lucy abriu o frasco de veneno e o despejou no bento, correu para atrás de um pilar, e viu que Amaya voltou sozinha para o banco.
 Amaya pegou seu bento, mas não colocou nada na boca, apenas o observou, então, ela avistou um gato deitado, debaixo de uma árvore, então, ela colocou o bento na frente dele, e se sentou, esperando.
 O gato acordou e viu o bento em sua frente, e sem pensar duas vezes, começou a comê-lo; e Amaya continuou a observá-lo. Depois de comer, o gato começou a tossir com força, e depois, começou a sangrar, e caiu morto.
 Então, Amaya virou-se para Lucy e deu um enorme sorriso. Ela foi para perto de Lucy, e sussurrou: 
- Da próxima vez, seja mais esperta, sua imbecil.
 Depois disso, Amaya voltou para dentro da escola, e Lucy ficou imóvel, sem acreditar no que acabava de ver. Ela perplexa, se sentou no chão e começou a pensar “ como isso pôde acontecer!? Como ela descobriu, que a merda da comida tinha veneno!? O que eu vou fazer agora! ’’. De repente, um outro pensamento lhe ocorreu “ calma e pense bem, duas cabeças pensam melhor que uma, deixe que eu te ajude com isso, eu vou pensar em algo, mas nesse momento, levante-se e tente agir o mais normalmente possível’’. 
 Ela, calmamente, se levantou, e ela viu Kojiro sentado no banco, que ao vê-la foi até ela e falou:
 - Lucy, o Thoma quer falar com você, na frente da nossa sala.
 Depois de dar o recado, Kojiro voltou para dentro da escola, sem ver o gato. Lucy se afastou um pouco, pegou o gato morto e o jogou dentro de um latão de lixo, e voltou para dentro da escola para encontrar Thoma. 
 Na frente da sala, Thoma estava sentado e Lucy parou em sua frente disse:
 - O que você quer falar comigo?
 Ao dizer isso, Thoma a puxou pelo braço, fazendo com que ela caísse ao seu lado, e disse:
 - Lucy, por que eu não vejo você mais com Kojiro?
 - Porque ele me abandonou, simples.
 - Se for assim, não é problema, você pode andar... comigo, eu acho.
 - Bem... tudo bem, não vejo problema em andar com você.
 - Certo, já vai bater o sinal e eu vou para minha sala, tchau. 
- Tchau, Thoma. 
 Mas antes de ir, Thoma lhe deu um beijo em sua testa e se foi. Lucy ficou vermelha, e nessa hora, Kojiro e Amaya apareceram, mas nenhum dos dois ligou para Lucy.
 Amaya se despediu de Kojiro e foi para sua sala, que ficava no fim do corredor, e no corredor ficaram, apenas Kojiro e Lucy, mas isto durou pouco tempo, pois um professor apareceu.
 A aula fluía normalmente, até Lucy pedir para ir ao banheiro, para pensar melhor no que ia fazer com sua rival. No banheiro, Lucy trancou a porta do sanitário, e se sentou no chão e pensou “ o que vou fazer agora, ela é mais esperta do que eu pensava. Se nem o veneno, que é uma coisa discreta a matou, o que vou fazer...”.
 Nesse momento, as luzes se apagaram, deixando o local sombrio, mas Lucy não se importou, até uma misteriosa água cair sobre sua cabeça, deixando-a totalmente molhada:
 - Mas o quê?... Disse Lucy enfurecida.
 Ela abriu a porta, na esperança de ver quem tinha feito aquilo, mas em vão, pois, a escuridão do local não lhe permitiu ver nada. Lucy então encostou-se nas paredes, procurando o interruptor. Quando alcançou o interruprtor, sentiu que pisou em algo, fazendo um barulho, e ela também, escutou passos de uma pessoa correndo para fora do banheiro, então Lucy associou tudo, ela se abaixou, pegou o objeto, e com dificuldade, saiu do local sombrio.
 Ao sair do banheiro, viu que o que pegou e pisou no banheiro era o interruptor e diz: - Ela tentou me matar eletrocutada, maldita! Não posso voltar para sala desse jeito.

 Então, Lucy foi em direção ao vestiário, e no caminho, encontrou Amaya com a cabeça encostada, dando leves socos na parede. Lucy, rapidamente, se escondeu para ouvir o que Amaya estava dizendo:
 - COMO!? Como ela descobriu! Estava tudo escuro e ...
 Ela parou de falar, pois viu Lucy, batendo palmas e rindo, e ela disse: 
- Quem é imbecil, agora, Amaya?
 Amaya a encarou e saiu do local, mas antes de ir ela falou:
 - Isso não vai ficar assim, vai ter volta!
 Depois disso, ela finalmente foi embora, e Lucy pôde ir trocar de roupa e voltar para sala. Ao voltar para sala, o professor perguntou o porquê de sua demora, e ela respondeu, que no caminho, aconteceu um pequeno acidente, então, ela voltou para seu lugar à espera do fim da aula.
 No dia seguinte, Lucy fez o de sempre antes de ir para o ponto. Em um trecho, começou a chover, então Lucy correu para um local seguro e seco, para se proteger, e por coincidência, ela encontra Kojiro, mas por causa de uma parede, os dois não se viram.
 Lucy, então, decidiu ir para o ponto, mesmo chovendo e passou na frente de Kojiro, que ao vê-la falou:
 - Você lembra! Foi aqui que nós nos conhecemos, você lembra!?
 Lucy então, virou-se para ele e enfurecida, foi até ele e disse:
 - Se você lembra de tudo que passamos... por que, então, se afastou de mim, para ficar com ela? 
 - Me desculpe, não posso te contar... me desculpe.
 - Se não pode... ou não quer me contar o motivo... me esqueça!
 Lucy com os olhos cheias d’água, saiu correndo, deixando Kojiro sem ação, então ele se sentou, abaixou a cabeça, fazendo derramar uma lágrima de seu olho e ele sussurrou: 
- Eu não aguento mais...
 A chuva parou, e Lucy pode pegar o ônibus, e Kojiro foi o último a entrar. Na escola, aconteceu o de sempre, Amaya colada em Kojiro, e Lucy sentada nos degraus da escada, ela estava com a cabeça baixa, até ver três sombras paradas em sua frente, e ela sabia muito bem quem eram, então Ambre falou:
 - Fazia tempo que a gente não conversava, não é, Lucy?
 - Não me lembro de que algum dia eu falei com você, agora, por favor, me deixa em paz.
 Lucy, então, abaixou a cabeça novamente, Ambre frustrada com a situação, pegou os cabelos de Lucy, fazendo ela olhar diretamente em seus olhos, e disse:
 - Olhe para mim, quando eu estiver falando com você, e, sinceramente, Lucy, nunca pensei que você fosse tão fraca, assim. Bom, assim, agora, já sei que você é uma fraca e, quando eu tirar Amaya dele, eu conseguirei, finalmente, ter ele só para mim. Vamos meninas.
 - Espera, você conhece a Amaya?
 - Claro, ela é a presidente do Conselho Estudantil, e também, é a garota mais popular da escola, só mesmo você para não conhecê-la, agora, vamos meninas.

 Depois dessa conversa com Ambre, Lucy ficou pensativa, pois eliminar sua rival, não seria tão fácil assim “Lucy, se nós a matarmos, logo, irão sentir sua falta, e, provavelmente desconfiarão de nós!
 Agora sim, um jogo de risco, com uma oponente à nossa altura, mas como isso é um jogo e com nossas regras, é essencial que tenha trapaças” pensou a segunda pessoa “nós a matarmos não, você a matar, você é somente a minha outra metade. Mas o que você disse é verdade, então, você tem que mudar o local de jogo, se não quiser ser descoberta, se a matar aqui, obviamente, desconfiarão de você.
 Acho que você já deve saber onde é esse local ao qual me refiro” pensou Lucy, discordando de algumas coisas da segunda pessoa, e a segunda pessoa, logo pensou “se eu sou sua metade, sem mim, você seria uma menina patética e inútil, e se eu for presa, você também vai, então, estamos juntas nessa, bote isso na sua cabeça e não se esqueça! ”.
 Lucy sentiu que alguém a cutucou, ela levantou, levemente, a cabeça e era Thoma quem a cutucou, e ele disse:
 - Lucy, já disse para não ficar assim por causa dele, tente esperar até o intervalo, que eu fico com você, não que eu não queira, agora, mas só que nesse momento, estou um pouco ocupado, mas eu prometo que ficarei com você.
 - Só quero que fique comigo, se não for por pena o que sente por mim, piedade significa fraqueza para mim.
 - Calma, o que eu sinto por você, não é pena, só quero ficar com você, só isso. 
- Se é assim, tudo bem, e obrigada.
 Thoma, então, se abaixou e passou a mão nos cabelos de Lucy e disse: 
- Eu não posso deixar você sozinha. 
 Ele se levantou e foi embora. Lucy ficou observando a movimentação, calmamente.

 O som do sinal ecoou pela escola, Lucy se levantou e foi para a sala de aula, e se surpreendeu ao ver que haviam trocado de professora, essa era mais jovem e bonita. A professora se sentou em silêncio.
 Kojiro olhou para Lucy, no canto da sala, e não aguentando mais essa situação, escreveu um pequeno bilhete e pediu para que seus colegas o passassem, até o recado chegar nas mãos de Lucy, a professora viu essa estranha movimentação, ela se levantou e arrancou o bilhete das mãos de um dos alunos e perguntou:
 - Garoto, quem escreveu este bilhete?
 - Eu não sei professora, só estava passando e ...
 - Eu perguntei quem o escreveu, não o que você estava fazendo. Se não disser quem escreveu, você vai ficar aqui na sala, sem intervalo!
 Kojiro não aguentou a situação causada por ele, então, ele se levantou e falou com a cabeça baixa:
 - Fui eu que escrevi o bilhete, professora. 
- Bem honesto de sua parte garoto, mas isso tem um preço, ficará sem intervalo.
 - Tudo bem.
 Ele olhou Lucy por uns instantes e se sentou. Já no intervalo, todos saíram menos Kojiro que ficou sozinho, com a cabeça baixa na mesa, até que ouviu alguém abrir a porta, mas mesmo assim, ele não levantou a cabeça, então, a pessoa começou a passar a mão em seus cabelos e disse com uma voz calma:
 - Tudo bem Kojiro, eu estou aqui.
 Logo veio em sua cabeça que essa pessoa era Lucy, ele levantou a cabeça com entusiasmo, mas se decepcionou ao ver que não era Lucy quem tinha falado com ele, mas sim, Ambre, então, Kojiro logo disse:
 - Me deixe sozinho, Ambre, não tenho paciência para ouvir você.
 Ambre colocou a mão de baixo do queixo de Kojiro e falou:
 - Você é tão ingênuo, não percebe que não ganhará nada correndo atrás dela. 
- Fica quieta Ambre, já disse para sair daqui, o castigo já é ruim, com você aqui, piora tudo.
 Ela, então, se levantou, mas quando estava atrás dele, inclinou a cabeça dele e roubou-lhe um beijo.
 No pátio, Lucy estava esperando Thoma, que quando a viu a chamou:
 - Lucy!
 -Ah, oi Thoma, vamos nos sentar aqui nas escadas. 
- Não, nós vamos para um outro lugar, será divertido, vamos.
 - Tudo bem, vamos. Thoma pegou a mão de Lucy e a levou para fora da escola.
- Thoma, onde está me levando?
 - Você vai ver.
 Ele levou Lucy para um local que ficava atrás da escola, ainda no campo da escola, de frente ao clube de jardinagem, Thoma se encostou na parede para descansar, então, Lucy questionou:
 - Thoma o que você vai me mostrar?
 Ele então, pegou os dois braços de Lucy e os imprensou na parede, um pouco acima de sua cabeça, e disse:
 - O que eu vou te mostrar é isso. 
 Thoma se aproximou e a beijou. Nesse momento, Lucy ficou sem reação e em sua cabeça a segunda pessoa diz “ não! Isso não pode acontecer! ”.
 De repente, Lucy chutou as partes baixas de Thoma, que a soltou e caiu no chão de dor, dizendo:
 - Ai, Lucy por que você fez isso!?
 Lucy ficou por cima de Thoma e começou a enforcá-lo, e falou com uma voz sombria e fria:
 - A única pessoa que eu amo é o KOJIRO, SEU MALDITO!
 A força de Lucy é tanta, que em poucos minutos ela conseguiu matar Thoma estrangulado.
 Quando, de repente, escutou passos de alguém, vindos em direção ao clube, para que ninguém desconfiasse de nada, Lucy decidiu beijar a boca de Thoma, que estava começando a ficar fria.

 Capítulo: III

 “Conclusão”

 Os passos que Lucy escutou são os de uma faxineira, que foi ao clube para pegar produtos de limpeza, e quando a faxineira viu Lucy beijando Thoma, ela não pensou nada demais e deixou os dois sozinhos. 
Quando Lucy percebeu que a funcionária já estava longe, ela se levantou e se sentou ao lado do corpo, pensando no que fazer com ele. Ela logo percebeu que o local onde os dois estavam, ficava em frente ao clube de jardinagem. Ela se levantou, e como a segunda pessoa não estava presente, Lucy ficou com sua força normal, e o máximo que conseguiu fazer foi arrastar o corpo, e é isso que ela fez, o arrastou para dentro dos jardins.
 No jardim, havia uma parte onde os alunos podiam plantar. Lucy encontrou uma pá e com ela, começou a cavar uma cova para Thoma. Depois de enterrar o corpo por completo, ela escutou o sinal, então, ela resolveu voltar para escola. Lucy estava indo para sua sala, quando alguém lhe puxou bruscamente, era Amaya que a pegou pelo pescoço e a imprensou na parede dizendo:
 - Cadê o Kojiro, eu não o vi aqui na hora do intervalo, o que você fez com ele?
 - Aí... eu não sei do que você está falando, agora me solte!
 - Você é ou se finge de burra!? Você sabe muito bem do que eu estou falando!
 Lucy abaixou a cabeça, e sua pele começou a ficar pálida, seus cabelos e olhos mudaram para uma cor mais escura, a segunda pessoa estava presente, e ela disse para Amaya:
 - Finalmente, eu estou de frente com a famosa Amaya, você está me causando muitos problemas, sua vadia!
 Por alguns segundos, Amaya ficou sem entender o que estava acontecendo, mas ao olhar bem fundo nos olhos de Lucy, ela entendeu o que estava acontecendo e começou a rir:
 - Hahaha!! Agora eu entendi tudo, hahaha! Incrível, você tem dupla personalidade, sua face verdadeira é comum e frágil, mas sua segunda face é fria, calculista e sanguinária, uma psicopata!
 - O sujo falando do mal lavado, essa é boa! Mas voltando ao assunto que você estava tendo com minha outra face, o Kojiro ficou na sala com a vadia da professora, eu não fiz nada com ele e nunca vou fazer!
 - Acho melhor você me respeitar sua louca, sua vida está e continuará em minhas mãos, posso acabar com você sem derramar uma gota de sangue, então, é melhor você se afastar definitivamente dele, pois ele já é meu! 
- Sua maldita! Comece a aproveitar o resto de vida que lhe resta, pois eu, EU vou matar você, está me ouvindo!?
 - Para de fazer escândalo e vá para a sala, minha conversa com você já acabou.
 Amaya soltou Lucy e voltou para sua sala, e Lucy fez o mesmo, mas voltou como segunda pessoa. Na sala, Lucy dominada por sua segunda personalidade, não conseguiu prestar atenção na aula, pois estava decidida a matar Amaya, e começou a pensar “ a situação saiu do meu controle, eu tenho que matá-la ou fazer com que ela fique longe da escola por um bom tempo. Já sei, eu posso sequestrá-la fora da escola e levá-la para um lugar que eu conheço muito bem e lá, fazer o que eu bem entender com ela, tenho que fazer isso hoje ”.
 O sinal tocou, finalizando as aulas, e dando início ao plano de Lucy. No portão da escola, Lucy não se dirigiu ao seu ônibus, mas seguiu Amaya.
 Em uma rua escura, só havia Amaya e Lucy, Lucy se aproximou devagar dela, e começou a enforcá-la, na tentativa de deixá-la inconsciente, Amaya, até, tentou resistir, se jogando no chão, mas Lucy persistente continuou a segurá-la pelo pescoço, e conseguiu o que queria.
 Lucy olhou para os dois lados da rua, e percebeu que não havia ninguém por perto, ela arrastou o corpo dela para uma rua, na qual ficava a casa abandonada, que ela tinha descoberto, anteriormente.
 Ao entrar na casa, ela soltou Amaya no chão, e a prendeu com algumas roupas que estavam abandonadas pelo chão. Lucy a prendeu bem forte em um pilar, depois de terminar tudo, ela foi embora com um enorme sorriso em sua face. No final de semana, Lucy acordou bem cedo para “brincar”.
 Ela foi para a cozinha e lá, abriu uma gaveta, onde sua mãe guardava as facas, de repente, sua mãe apareceu e a viu mexendo na gaveta e perguntou: 
- O que você está procurando, filha?
 Lucy que estava com a faca nas mãos, a colocou presa à calça, cobrindo-a com a camiseta e falou:
 - Não é nada, mãe.
 - Vai a algum lugar para estar tão arrumada? 
 - Bem... vou encontrar uma amiga no parque, e talvez, eu volte mais tarde.
 - Eu te conheço, sei que você tem uma personalidade forte, e não arruma amizades fáceis, vai encontrar uma amiga ou... um amigo?
 Lucy começou a se irritar, e mudou sua personalidade com a segunda pessoa e respondeu para sua mãe:
 - Eu não tenho que te dar mais satisfações.
 - Lucy! Eu sou sua mãe! Tenho que saber para aonde você vai, e com quem vai se encontrar! 
- Do que adianta ter me dado uma vida, se o papel de uma mãe, não é só isso?

 Quando Lucy disse isso, sua mãe se sentou em uma cadeira, desconsolada e, antes de sair, Lucy, por fim, retrucou:
 - Não tente bancar a mãe do ano, agora.
 Depois disso, Lucy saiu e deixou sua mãe chorando. Ela então, foi até o local onde deixou Amaya presa, e no meio do caminho, estava distraída, pensando, quando esbarrou em alguém e xingou:
 - Olha por onde anda, seu filho da... 
 Ela levantou a cabeça e viu em quem tinha esbarrado, e essa pessoa era Kojiro, que a ajudou a se levantar, Lucy aceitou a ajuda e ela ia para seu destino final, mas Kojiro a segurou pelo braço com a cabeça baixa, sem dizer nada, quando Lucy ia lhe dizer algo, ela percebeu que ele estava chorando, então, ela disse:
 - Eu apenas caí, não precisa desse drama.
 Ele olhou para ela e respondeu:
 - Acho que você não sabe, mas Thoma foi encontrado morto na escola, enterrado no clube de jardinagem. 
- Oh, bem eu sinto muito e ...
 - Chega! Disse Kojiro enfurecido.
 - Por que está gritando comigo!?
 - Me desculpe, eu estou um pouco nervoso com tudo isso, e com alguns problemas em casa, então... até mais.
 Ele então se foi, e Lucy sem perder tempo correu até seu destino, para acabar, logo, com sua agonia. Em frente à porta da casa, ela tirou a faca da cintura, e a segunda pessoa se manifestou e falou em sua mente “agora, eu assumo daqui... Lucy”.
 Ela, abriu a porta e viu Amaya presa, mas sangrando, toda cortada e quase sem roupas, ela estava assustada e chorando.
 Lucy então, se aproximou dela, a olhou, e disse:
 - Parece que você teve uma visita, ontem à noite, não é?
 - Me mata, logo...
 - O que disse? Eu não escutei, pode falar de novo? 
- ME MATA, LOGO!
 - Ah, foi isso que disse... bem, ainda quero aproveitar um pouco mais da minha vitória, e fazer você ver quem é que manda aqui.
 - Maldita, desgraçada!
 Lucy começou a pisar em sua cabeça, fazendo com que seus cortes se abrissem, fazendo derramar sangue e lágrimas de derrota e dor de Amaya, deixando Lucy cada vez mais feliz e com mais vontade de matá-la, então, ela continuou a provocá-la:
 - E, então, ontem à noite, foi bom?
 - Para...
 - Isso não estava nos meus planos, mas, até que seu resto de vida não vai ser tão ruim, você vai morrer, mas não vai morrer virgem, olha que legal... 
- Para... por favor... eu imploro... me mata, logo. 
- Calma, mas sabe o melhor, depois de você, eu não terei mais ninguém no meu caminho, e Kojiro, finalmente, será meu.
 - Cala boca... acaba com a minha vida, logo! 
- Espera, mas antes eu quero saber, a garota que eu vi morta no vestiário, foi você quem a matou mesmo?
 - Não... eu... nunca tive coragem de matar ninguém... então... eu pedi para que alguns meninos fizessem isso por mim...
 - E o corte no seu tornozelo?
 - No momento em que eles iriam matá-la... eu estava vendo tudo, ela pegou a faca das mãos de um deles e conseguiu me cortar.
 Lucy se irritou, e chutou a barriga de Amaya, depois, pegou seus cabelos e fez com que ela olhasse, diretamente, para seus olhos e falou:
 - Maldita, miserável! E eu fiquei, esse tempo todo, achando que você era uma verdadeira psicopata, uma inimiga de verdade, mas não... vagabunda!
 Ela chutou, novamente, a barriga de Amaya, que começou a chorar, mas falou:
 - Você... acha que consegue... o amor, ele assim... mal sabe você, mas... Kojiro é uma pessoa pura e ... a única coisa que vai conseguir dele é medo, ódio e raiva.
 - Cala boca.
 - O que foi? Onde está sua confiança de alguns minutos atrás, dizendo que ia me matar, também não tem coragem, é?
 - Cale-se!
 Com a faca, ela golpeou o abdômen dela e gritou: 
- Já chega de esperar, o inferno está te esperando.
 Lucy retirou a faca do abdômen dela, pegou seus cabelos e a fez olhar, novamente, para ela, e enfiou a faca em seu pescoço, e pelos olhos dela, Lucy pôde ver a alma de Amaya deixar seu corpo. 
 Lucy se levantou e observou os últimos segundos de vida de Amaya, e quando ela finalmente morreu, ela olhou para os arredores, observando a casa, e então, ela pensou “tenho que eliminar as provas e o corpo dela, tem que haver uma maneira de queimar essa casa... já sei”.
 Ela foi até a caixa de luz e percebeu que a fiação era antiga e estava gasta, ela começou a mexer nos fios, na esperança que acontecesse um curto circuito, e isso, não demorou para acontecer. A caixa começou a pegar fogo, Lucy saiu da casa, com um sorriso enorme no rosto. 
Ela ficou em frente à casa, vendo a madeira podre pegar fogo por completo, e quando, ela viu que a casa estava se desmanchando, como havia deixado a porta aberta, ela observou, pela última vez, o corpo de Amaya, completamente em chamas, ela, finalmente, deixou o local, dando risada e voltou para casa.
 Em casa, ela foi para o banheiro trocar a roupa manchada e guardar a roupa suja em um saco plástico preto, para queimá-la, depois. Na hora do jantar, o clima foi tenso, mas sua mãe arriscou-se a perguntar:
 - Então ... filha, como foi o dia com sua amiga?
 - Foi ótimo.
 - O que vocês fizeram? 
- Não te interessa.
 - Lucy, você sabe que eu me preocupo com você, não quero que aconteça o mesmo que aconteceu com seu pai.
 - O quê? Ser assassinada por alguém que mora no mesmo teto que eu?
 - O que você quer dizer com isso?
 - Eu podia ser pequena, mas vi, quando você matou meu pai, por uma discussão boba. 
- Lucy!
 - Silêncio! Você está tremendo, então, parece que se afetou com o que eu disse, agora baixe o tom quando falar comigo, ou você sabe o que acontecerá.
 A mãe de Lucy se calou e se levantou, colocou o prato na pia, e subiu para seu quarto, Lucy, um pouco depois, fez o mesmo e foi dormir.
 A semana recomeçou, e Lucy se arrumou para ir para o ponto. No caminho, ela falou com a segunda pessoa “ agora você não pode dizer mais que está entediada, depois do que você fez com ela”, “ é verdade que eu me diverti bastante com ela, mas...”, “mas o quê, o quê foi? ”, “ eu não tenho completa certeza, mas acho que há mais alguma pessoa, que está se escondendo nas sombras da escola”, “ como! Mais uma, pelo visto teremos muito trabalho pela frente, bem você”, “ nós, você quer dizer nós, somos uma só”.
 Lucy parou de conversar com a segunda pessoa, pois viu Kojiro, encostado na placa de ônibus, ele parecia assustado e perplexo, então Lucy voltou a pensar “ ele deve estar assim, pois soube da morte de Amaya, bem, melhor ele com essa cara, do que feliz ao lado dela”.
 O ônibus chegou, para levar todos para a escola. Na escola, Lucy se sentou no mesmo local de sempre, mas percebeu que alguém parou em sua frente, era Kojiro que falou:
 - Oi Lucy ...
 - Oi... Kou...
 Kojiro se sentou em sua frente com a cabeça baixa, e agora, como Amaya estava morta, Lucy podia agir normalmente com Kojiro, ela passou a mão em sua cabeça e falou:
 - Kou, o que houve?
 - Bem é que, várias pessoas que eu conheço... estão morrendo, Thoma, Yuka, e agora, Amaya, eu não aguento mais.
 Lucy o abraçou e disse: 
- Calma, Kou, tudo vai fi...
 - Cala boca!
 - E agora, por que gritou comigo?
 - Desculpa, estou muito nervoso, Lucy, poderia se sentar comigo... na sala?
 - Claro, vamos para a sala. 
 No momento em que os dois estavam subindo as escadas, o sinal tocou. Na sala, a primeira aula seria com a professora Mida Rana, a mesma que castigou Kojiro, e ao vê-la, Kojiro logo abaixou a cabeça.
 No meio da aula silenciosa, Kojiro tentou fazer o mínimo de barulho possível, mas ao se levantar para ir falar com a professora, Ambre colocou o pé em seu caminho, fazendo com que ele caísse, e ao tentar se segurar em algo, se segurou na cintura da professora, que ao olhar para ele disse:
 - Garoto abusado! Ficará, aqui, na sala, fazendo algumas atividades extras que eu tenho, seu atrevido.
 - Professora foi sem querer, eu tropecei em algo e caí e ...
 - Nem tente se explicar, vá se sentar e fique em silêncio até o intervalo. 
- Sim...
 Kojiro voltou para seu lugar com todos da sala olhando para ele, principalmente, Ambre, a causadora de tudo isso. 
 No intervalo, Kojiro ficou em sua mesa, olhando a professora mexer em alguns papéis e disse:
 - Garoto, fique aqui, vou pegar suas atividades, nem pense em sair daqui, estamos entendidos?
 - Sim, professora.
 Ela saiu e fechou a porta. Nas escadas, Lucy estava descendo e viu Ambre subindo e dando-lhe um sorriso, Lucy ficou sem entender e se sentou em um dos degraus da escada, e nesse momento, viu a professora, descendo e indo para sala dos professores, então, ela fechou os olhos para tentar pensar. 
 Já na sala, Kojiro estava sentado e encostado em uma parede do canto da sala, olhando pela janela a entrada da escola, quando escutou alguém abrir a porta, mas ele não olhou para a pessoa, que era Ambre, que ao chegar perto dele, segurou seu queixo e fez com que ele a olhasse, e disse:
 - Então, pensou no que eu te disse, sexta-feira?
 - E no que eu tinha que pensar?
 - Eu disse para você que não ganharia nada correndo atrás dela, e depois, ainda nos beijamos, para te mostrar quem ama você de verdade, sou eu. 
- Bem, pelo que sei, nós não nos beijamos, você roubou um beijo meu, essas duas coisas são completamente diferentes.
 - Tanto faz, bem... agora que não tem ninguém aqui, vou te ajudar a refletir melhor no que eu te disse. Como Ambre, ainda estava com a mão debaixo do queixo de Kojiro, abaixou-se um pouco e lhe roubou mais um beijo, deixando ele sem ação.
 Ainda sentada nos degraus, Lucy ainda estava pensativa, até ver a professora conversar com a diretora, ela a olhou fixamente, até que a segunda pessoa se manifestou e disse em sua mente “Lucy preste atenção no que vou te dizer, quando esta professora subir, suba junto com ela, mas não entre na sala, depois que ela entrar, sente-se no chão perto da porta”, “ mas por que isso? ”, “só faça isso! ”. 
Lucy, ainda observou a professora, esperou ela subir, e quando isso aconteceu, ela a seguiu até a sala de aula, para seguir o conselho da segunda pessoa. Já na frente da sala, Lucy disfarçadamente se sentou, quando a professora abriu a porta, viu Ambre beijando Kojiro, que tentava se soltar, então, a professora, logo diz em um tom de voz mais alto:
 - Mas o que está acontecendo aqui!?
 Nesse momento, Ambre para o que estava fazendo e tentou se explicar:
 - Professora... eu... bem... 
 Enquanto a professora estava gritando com Ambre, Lucy que estava sentada, observando, começou a dar leves risadas sombrias pelo que houve, ela escutou a fala da professora:
 - Kojiro, saia da sala, quero ter uma conversa séria com ela. 
- Sim, professora.
 Ele se levantou, deixando Ambre sozinha com a professora, e ao sair da sala, ele viu Lucy sentada, então chegou perto dela e disse: 
- Lucy, o que está fazendo aqui?
 - Ah, bem eu... estava te esperando Kou. 
- Bem, a professora me dispensou do castigo, vamos descer?
 - Antes eu quero falar com a professora, pode descer sem mim, depois te encontro.
 - Tudo bem. 
 Na verdade, Lucy não iria falar com a professora, mas sim, ouvir o que ela estava dizendo à Ambre, Lucy se levantou e chegou mais perto da porta, e escutou toda a conversa das duas:
 - Então, o que iria me dizer, Ambre? Vamos, estou esperando você se explicar, vamos, me responda, o que você estava fazendo com ele?
 - Eu o estava beijando.
 - Exatamente, e pelo que vi, estava beijando sem a permissão dele, certo?
 - Sim... 
- Quebrou uma regra da escola, e ainda, estava praticamente abusando do garoto. Você sabe o que tudo isso quer dizer, certo?
 - Não.
 - Esses atos abusivos seus, manchando a imagem da escola, você certamente será expulsa daqui.
 - Como!?
 - Vou passar seu caso para diretora, e com toda certeza, você será expulsa daqui, sinto muito por você, agora, vamos para diretoria?
 - Sim...
 Ambre e a professora saíram da sala e Lucy, que estava encostada na parede, viu Ambre passando em sua frente, Lucy a encarou com um olhar sombrio e um grande sorriso em seu rosto, Ambre a encarou de volta com um olhar de ódio, depois das duas descerem para diretoria, Lucy fez o mesmo, e desceu para encontrar Kojiro.
 Ao encontrá-lo, Lucy viu que ele estava sentado de cabeça baixa, chegou perto dele e disse:
 - Kou, tudo bem?
 Ele não respondeu, então ela resolveu se sentar ao seu lado, mas em silêncio, e de repente, ele a abraçou, e sussurrou em seu ouvido, com o rosto úmido pelas lágrimas: 
- ... Desculpa ...
 Ela, então, retribui o abraço, com um olhar de vitória. 

 Capítulo: IV 

“Beatus Finis”

 Os meses se passaram rapidamente, e já era final de ano, e no último dia de aula, tudo estava normal, já que a segunda pessoa não apareceu, desde o ocorrido com a Ambre, por isso, Lucy estava com sua verdadeira personalidade, doce, gentil e frágil.  
Lucy e Kojiro estavam andando pela escola, quando viram um cartaz, dizendo que aconteceria um festival de verão em um parque conhecido da cidade, Kojiro observou Lucy por alguns segundos, e perguntou:
 - Esses festivais aconteciam na região Sul, onde você morava, Lucy?
 - Ah... não, lá é uma região bem tranquila, no ano todo, nunca acontecia nada tão grande como este festival.
 Depois de ouvir isto, Kojiro cobriu seus olhos e, bem envergonhado, mas com um certo ardor, ele disse: 
- Às 19:00, no Parque Sankako, no relógio do parque... eu te espero lá.
 - Você... está me convidando para sair... ou entendi errado?
 - Não, é isto mesmo, quero que vá comigo neste festival.
 - Ah... tudo bem, eu estarei lá.
 Após Lucy terminar sua fala, o sinal tocou, finalizando as aulas e dando início às férias.
 Ao subir no ônibus, percebeu que Kojiro não havia subido, ela se sentou à janela, em um lugar sozinha, e, conforme o ônibus fazia seu trajeto, Lucy pôde ver que Kojiro estava voltando para casa sozinho, a pé, e ela não compreendeu o porquê disso, mas estava muito feliz pelo convite dele para pensar em coisas a mais.
 Enquanto o ônibus ia, Kojiro ficava para trás, ele ia para casa pensativo, até encostar sua cabeça em um poste, e falou para si mesmo:
 - No dia do festival... eu vou ter que dizer isso para ela.
 Alguns dias depois, Lucy ainda estava dormindo, e quando finalmente acordou, trocou de roupa e percebeu que a casa estava em completo silêncio. Então, ela resolveu ir ao quarto de sua mãe, e viu que todas as gavetas estavam abertas, sem nenhuma peça de roupa, então ela disse:
 - Acho que a mama tirou todas as roupas para lavar, espero.
 Lucy decidiu descer e procurar sua mãe, mas ao chegar na cozinha, viu que em cima da mesa havia um pequeno bilhete, ao pegá-lo, ela o leu, era uma pequena despedida de sua mãe, pois ela tinha saído de casa, pois não confiava mais em Lucy e não compreendia no que ela tinha se tornado.
 Quando terminou de lê-lo, ela se sentou em uma cadeira, e começou a chorar e dizer para si mesma:
 - Por quê? Por que você fez isso segunda, por quê? 
 E em sua mente, a segunda pessoa lhe respondeu “ por causa dela, você se tornou o que é hoje, depois de presenciar aquela cena, eu apareci, por causa dela eu me tornei você, coisa que eu percebo que, às vezes, você se arrepende, amargamente de ter me criado”, então, Lucy lhe respondeu:
 - Isso tudo é muito confuso, quando você aparece, eu não me lembro de nada, não sei de nada, aí... eu não consigo pensar, eu não estou compreendendo mais nada! “Calma, agora que sabe, e, agora que sua mãe te abandonou, o que vai fazer daqui para a frente? ”
 Lucy respondeu, seriamente, “absolutamente nada”.
 Lucy foi até a pia para lavar seu rosto, e depois, pegou sua chave e saiu. Ela foi até o centro da cidade, para comprar uma roupa nova, para a noite seguinte, então, ela entrou em uma das lojas, e em uma delas, ela encontrou Ambre, que finalmente, estava sozinha.
 Quando Ambre viu Lucy, ela saiu do campo de visão dela, por alguns minutos, à espera que Lucy saísse da loja. Quando Lucy terminou sua compra e saiu da loja, ela não percebeu que estava sendo seguida por Ambre.
 Em um trecho, Lucy abriu a sacola para ver sua roupa e, nesse momento, Ambre a puxou para uma rua sem saída, então, ela prendeu Lucy em uma parede e disse: 
- Está feliz pelo que fez, Lucy?
 - E o que eu fiz, Ambre?
 - Você sabe exatamente o que fez, não se faça de desentendida! 
- Se eu soubesse não te perguntaria.
 - No dia que eu estava sozinha com o Kojiro, você deve ter visto algo e chamou a professora, e depois disso, eu fui expulsa, tudo por sua culpa! Eu até perdi minhas amigas por causa disso!
 - Hahaha, se elas fossem mesmo suas amigas de verdade, não te abandonariam por uma simples expulsão.
 Quando Lucy disse isso, Ambre puxou a sacola das mãos de Lucy e a empurrou no chão, quando Lucy falou: 
- Ambre, me devolva isto, já! 
- Se quiser, vai ter que pegar. Depois de dizer isso, Ambre abriu uma lata de lixo, e enfiou as roupas de Lucy, profundamente, até sumirem de vista, então, ela saiu, mas antes de partir, Ambre disse:
 - Kojiro vai amar essa roupa suja, hahaha.
 Depois disso, ela foi embora, Lucy se levantou e foi para casa, mas em um trecho do caminho, a segunda pessoa se manifestou, quando lembrou da cena com Ambre, ela se encostou em uma parede e disse:
 - Amanhã... farei o que deveria ter feito há muito tempo.
 Depois disso, ela, finalmente, volta para casa para descansar. Chegou o grande dia, como Lucy não tinha mais uma roupa nova para vestir, ficou horas em frente de seu guarda-roupa, à procura de algo agradável, para vestir.
 Faltando meia hora para Lucy sair, ela terminou de se arrumar, e saiu de casa. Na entrada do parque, que estava cheio de gente, de longe, ela avistou Ambre, vagando entre a multidão, sozinha, pela sua expressão facial, ela parecia estar triste. No local marcado, ela se sentou em um banco, aguardando pacientemente, Kojiro.
 Passou-se dez minutos, quando, finalmente, Kojiro apareceu e disse:
 - Lucy, me desculpa por fazê-la esperar então... vamos?
 - Claro!
 Os dois então, aproveitaram a festa. Dando 23:00, quando o parque estava praticamente vazio, de baixo do relógio, Lucy pediu para Kojiro esperar, pois iria resolver algo. 
 Em frente da fonte, estava Ambre, que disse:
 - Bem... tenho que admitir, o que Lucy disse é verdade, mesmo sendo expulsa da escola, se elas fossem minhas amigas de verdade, não parariam de falar comigo, eu fui uma completa idiota em pensar que... elas eram minhas amigas.
 Enquanto Ambre se lamentava e observava a água da fonte, Lucy estava atrás dela, quando a segunda pessoa se manifestou e foi caminhando, lentamente, em direção a Ambre, quando estava mais perto dela, Lucy sussurrou no ouvido dela, dizendo:
 - Chegou a sua vez... Ambre.
 Ao ouvir isso, Ambre fechou os olhos, derramando uma lágrima, no mesmo momento, em que Lucy agarrou seus cabelos e a pôs de baixo d’água, para matá-la. 

Demorou alguns minutos, até Ambre parar de se debater e morrer. Feito isto, ela finalmente, voltou para Kojiro, ainda como segunda pessoa, e ao chegar perto dele, Kojiro estava de cabeça baixa, sentado em um dos bancos, quando Lucy se sentou ao seu lado, levantou a cabeça e disse:
 - Lucy, preciso te dizer algo... muito importante. 
- Pode dizer. 
- Você provavelmente... não sabe o real motivo para eu parar de falar com você, alguns meses atrás... não é? 
- Sim... você vai, finalmente, me dizer? 
- Eu nem olhava para sua cara, pois... 
- Pois...?
 - Amaya, como ela era presidente do Conselho Estudantil, ela tinha acesso total às câmeras da escola e ... em um dia ... ela gravou você... segurando Yuka pelos pés e ... soltando, resultando em sua morte e ... Kojiro fez uma pequena pausa, pois não conseguiu conter suas emoções, e chorou, e depois, de se acalmar mais, ele continuou: 
- ... e depois disso, ela me chamou em sua sala, para eu ver a gravação... eu fiquei perplexo... ela disse que se eu não me afastasse de você... ela te entregaria para polícia... eu não queria que você fosse presa, mesmo sendo o certo a se fazer.
 Lucy ficou sem saber o que dizer, então ela pensou “ mesmo no inferno, essa maldita conseguiu estragar a minha vida...”.

 Kojiro olhou para Lucy e percebeu que ela começou a chorar, então ela disse:
 - Então... você me conhece... conhece essa face obscura que você está vendo agora, Kou!?
 - Face obscura, como assim?
 - Quando eu era pequena... eu presenciei a morte de meu pai, que foi morto por minha mãe por causa de uma discussão boba... e então... eu mesma... criei uma nova face... que se adaptasse com o que tinha acabado de ver; mas, eu não sabia como controlá-la, como me controlar. Bem... agora que sabe quem eu sou de verdade...

 Lucy, então, se levantou, para ir embora, mas Kojiro se levantou, também, e a abraçou pelo pescoço, dizendo:
 - Não vá!
 - Mas eu... praticamente acabei com a sua vida, tirando de você seus amigos, matando Amaya e ...
 - Eu sei! E, por isso, eu não te perdoo, mas, se eu deixar você ir, você matará mais gente... eu... com certeza... me arrependerei amargamente..., mas... sua verdadeira pessoa é esta, que você criou... eu... amo as duas!
 - Kojiro...
 Ele a soltou, e Lucy se virou para ele, e com o rosto úmido pelas lágrimas, o beijou. 

Lucy se perdeu no calor e na intensidade do beijo, e quando acabou, ela disse: 
- Esqueça tudo... eu só queria ficar perto de você, Kou.
 - Lucy... 
- Sinto muito por todas as lembranças, e momentos tristes que eu deixei para você.
 - Você também... não tem muitas lembranças tristes?
 Ele não a deixou responder, pois a abraçou, fortemente, e Lucy, se perdeu no profundo negro dos cabelos dele, ela viveu, agora, o momento mais feliz de sua vida.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
Ende...


AUTORES:
Ana Giulia dos Santos Dias
Ana Júlia Oliveira Rocha
Nicolle Caldas de Freitas
Pamela do Nascimento Ferreira
Bárbara Gomes Soares da Silva


Da esquerda para a direita: Bárbara, Ana Giulia, Ana Júlia e Pamela.
Juntamente com Nicolle, formam o grupo que venceu o prêmio "Escritor do Ano", concorrendo com outros grupos de sua sala, 8ºD.  

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